Primeira unidade da empresa no Brasil, em Campinas-SP, fabrica 15 milhões de toneladas da matéria-prima por ano
Produzido pelo corpo humano, o esqualano é uma substância que mantém a elasticidade, brilho e hidratação da pele, mas diminui com o passar dos anos. Na natureza, é encontrado no fígado de tubarão, na azeitona e na palma.
A empresa americana de biotecnologia Amyris, que produz a molécula a partir da cana-de-açúcar, investirá US$ 110 milhões até 2020 para erguer duas fábricas no país e ampliar a oferta da matéria-prima usada em cosméticos.
O aporte da empresa, nascida nos laboratórios da Universidade da Califórnia, em Berkeley, dará suporte à expansão da marca própria de cosméticos Biossance, criada no fim de 2015 e que chegou ao país em abril nas lojas da Sephora.
Além disso, a multinacional quer ampliar a base de 1 mil clientes que compram o insumo, incluindo L’Oréal, Avon, Chanel e Natura.
John Melo, presidente da Amyris, conheceu o esqualano em viagem à Ásia. “Percebi que muitos cosméticos no Japão e na Coreia do Sul têm essa molécula na composição. Depois, iniciamos pesquisas para criar uma variação sustentável, que foi patenteada.
No primeiro ano da Biossance, a receita em vendas ao consumidor foi de US$ 600 mil, sendo em 2017 atingiu US$ 5 milhões e a meta para este ano é quadruplicar o valor.”
As expectativas dele para o Brasil são positivas.
“Este é o quarto maior mercado de cosméticos do mundo, sendo que em produtos para cabelo é o segundo”, afirmou.
Dependendo do desempenho nas vendas, o executivo disse que, no futuro, a fabricação dos cosméticos pode ser local. Por enquanto, a matéria-prima produzida no Brasil é enviada para os Estados Unidos e fábricas terceirizadas são responsáveis pela produção.
Há seis anos, a Amyris produz o esqualano a partir do farneseno, uma molécula de hidrocarboneto extraída da cana que pode ser transformada em vários produtos, inclusive lubrificante de automóvel. A primeira unidade da empresa no Brasil, em Campinas (SP), fabrica 15 milhões de toneladas da matéria-prima por ano.
A segunda, que será em Brotas (SP), em parceria com a Raízen, receberá US$ 70 milhões, com previsão de ficar pronta em 2019.
Até 2020, será finalizada a terceira fábrica em Sertãozinho (SP), com US$ 75 milhões. Segundo Melo, as duas unidades novas terão capacidade para produzir 9 milhões de toneladas por ano.
“Os recursos para construir as plantas serão provenientes de empréstimos contratados principalmente no exterior e dos parceiros”, afirmou.
No fim de 2017, a Amyris vendeu uma biorrefinaria à holandesa DSM, que detém 20% de seu capital, por US$ 96 milhões.
Por este negócio, ainda receberá de US$ 50 milhões a US$ 60 milhões anuais por uma década, que auxiliarão nos novos investimentos. De 2006 a 2018, os aportes realizados pela companhia somam US$ 1,5 bilhão, sendo US$ 320 milhões no Brasil.
A empresa, cujo primeiro investidor foi a Fundação Bill & Melinda Gates, obteve receita de US$ 143,4 milhões no ano passado, 2,13 vezes mais que em 2016.
Para este ano, projeta R$ 190 milhões. Teve prejuízo em 2017, de US$ 72 milhões, 39,7% menor que um ano antes. Os maiores acionistas são John Doerr, com 15%, que investiu em Google e Amazon; Total (9%) e Temasek (8%). A Votorantim e a Camargo Correa têm menos de 1%.
Fonte – BVMI – Licio Melo – Alexandre Melo/VALOR
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