Companhia espera apenas licença ambiental para internalizar os recursos
O BVMI confirmou que a matriz da Anglo American, em Londres, já aprovou o investimento de R$ 1 bilhão a ser realizado em sua mina de Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais. A empresa aguarda apenas o sinal verde da licença ambiental para internalizar os recursos.
A companhia britânica assegura que poderia iniciar as obras da terceira fase de ampliação da mina ainda neste ano. Segundo o presidente da unidade brasileira da mineradora, Ruben Fernandes, cumprida essa etapa, seria possível dar início às operações de produção no quarto trimestre de 2018.
Com isso, informou o executivo, até o final de 2019 a empresa atingiria a capacidade nominal prevista para o enorme complexo minerador – 26,5 milhões de toneladas por ano. Atualmente está no patamar de 17 milhões de toneladas, limitada por essa terceira e última fase do projeto, que foi adquirido de Eike Batista uma década atrás e iniciou operações três anos atrás com um bom tempo de atraso e estouro no orçamento de implantação.
A título de comparação, a segunda maior mina de ferro do Brasil, e primeira de Minas Gerais, Brucutu, que é operada pela Vale, tem capacidade para pouco menos de 30 milhões de toneladas.
“Nosso problema, hoje, é escala. Temos uma operação robusta, mas ainda não estamos na escala ideal”, afirmou Fernandes, que participou nesta semana de uma mesa de debates no 17º Congresso Brasileiro de Mineração, que acontece em Belo Horizonte.
A operação brasileira da Anglo American já apresenta geração de caixa (pelo conceito Ebtida – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) positiva desde o ano passado, mas ainda não é lucrativa. No segundo semestre de 2016, o Ebtida foi de US$ 253 milhões, contra uma perda de US$ 9 milhões no mesmo período do ano anterior.
A terceira etapa agregará 9 milhões de toneladas ao ano, complementando a capacidade nominal de todo o projeto, ao nível de produção atual de 17 milhões de toneladas anuais, fruto de duas de investimentos já concluídas.
De acordo com Fernandes, todo o investimento será feito na abertura de acessos, obras de infraestrutura e tratamento da área da mina, e no alteamento da barragem de rejeitos. As demais estruturas do complexo, formadas por usina de beneficiamento, mineroduto de 529 quilômetros (o maior do mundo) e porto próprio (em São João da Barra, no estado do Rio) já possuem capacidade para as 26 milhões de toneladas anuais.
Mesmo sem a escala ideal, Fernandes disse que a operação “já é competitiva” com a cotação atual do minério de ferro, em torno de US$ 70 a tonelada. Mas a necessidade de escala permanece em função da volatilidade e insegurança em relação ao comportamento futuro de oferta, demanda e preços.
Apesar do minério de Conceição do Mato Dentro ser considerado pobre, com teor médio de 40%, o sistema de beneficiamento do projeto permite um produto final com concentração entre 68% e 69%, considerado premium e que alcança bônus sobre a cotação básica da commodity.
Fernandes creditou o atraso no processo de licenciamento “à necessidade de maior interação com a sociedade, que ficou mais exigente desde o acidente da Samarco”. Ele disse que foi necessário reestruturar todo o planejamento de audiências públicas e apresentação de estudos ambientais, sociais e espeleológicos para as comunidades e o governo estadual. “Precisamos traduzir melhor, explicar melhor todo o projeto. É natural que as exigências tenham aumentado”, disse.
O executivo negou que a Anglo American tenha, em algum momento, planejado ou aventado a venda do sistema Minas-Rio, que é a estrutura logística integrada do projeto, composto pelo mineroduto e porto.
“As dificuldades (em nível mundial) da Anglo American nos levaram a uma estratégia de desinvestimento. Em setembro (de 2016) concluímos a venda das nossas unidades de nióbio e fosfato no Brasil. Também colocamos à venda as minas de níquel em Goiás (Niquelândia e Barro Alto), mas as propostas não foram compensadoras e desistimos. Agora, o Minas-Rio nunca esteve à venda”, finalizou o executivo.
Fonte – BVMI – José A. Bicalho/Valor-BH
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