Autopeças vai investir US$ 2,5 bilhões em 2018

Autopeças vai investir US$ 2,5 bilhões em 2018
Rota 2030 é a nova política industrial para o setor automotivo

Às vésperas de o governo lançar uma nova política industrial para o setor automotivo – o Rota 2030 -, os dirigentes da indústria de autopeças mostram-se animados. Segundo Luis Pasquotto, presidente da Cummins, pesquisa com os associados do Sindipeças mostrou que para dois terços deles o antigo Inovar-Auto foi negativo ou indiferente.

Agora, o sindicato projeta investimentos de US$ 2,5 bilhões, o que significa voltar aos níveis de 2014 e quase dobrar o volume de 2016, que ficou em US$ 1,5 bilhão.

Após três anos consecutivos de quedas no faturamento, nível de emprego e de investimento, a indústria de autopeças começa a respirar, embalada pelo aumento nas vendas de veículos nos mercados interno e externo e por suas próprias exportações.

Luis Pasquotto é o presidente da fabricante de motores diesel Cummins Brasil.
Luis Pasquotto é o presidente da fabricante de motores diesel Cummins Brasil.

Nos próximos dias o Sindipeças, sindicato que representa o setor, vai rever a projeção que inicialmente indicava crescimento de 10% na produção de veículos este ano. “Essa previsão está muito defasada; devemos chegar em 20%”, afirma o presidente da entidade, Dan Ioschpe.

Até o primeiro quadrimestre, segundo Ioschpe, o volume de encomendas das montadoras refletia o aumento das exportações de veículos. “Mas desde maio começamos a detectar uma melhora proveniente do mercado interno”, destaca. “Temos agora duas frentes de demanda”, destaca.

A constatação de que a recuperação de fato chegou já levou essa indústria a reabrir postos de trabalho. Depois de sucessivos meses de retração houve aumento no nível de emprego de 0,59% em maio e de 0,29% em junho, em relação aos meses anteriores, segundo os últimos dados disponíveis.

Há um ano, as autopeças operavam com ociosidade de mais de 50%. Esse semestre começou com 34% e a tendência é diminuir. Somente em julho, a receita com exportações do setor – US$ 638,3 milhões- ficou 17,2% acima do total do mesmo mês em 2016. Na primeira metade do ano a participação das montadoras nas entregas do setor subiu de 58% para 62%.

No Rota 2030, a ajuda governamental aos fabricantes de autopeças não virá por meio de benefícios fiscais ou financiamento, como chegou-se a cogitar. Segundo Ioschpe, a ideia é ampliar a participação das empresas em ferramentas já existentes.

“Nosso setor vive um momento de rupturas, com um futuro desafiador”, disse Ioschpe ontem, durante palestra em seminário da Associação Brasileira da Engenharia Automotiva (AEA).

“Os novos usos de um veículo, que passa a ser não próprio ou compartilhado, já são suficientes para virar nosso setor de cabeça para baixo”, disse a uma plateia lotada de engenheiros.

As mudanças o surpreendem. “Há doze meses não imaginávamos que o desenvolvimento do carro elétrico seria tão rápido. Mas tudo mudou quando a China, maior mercado do mundo, estabeleceu metas agressivas para o uso dessa fonte de energia. Isso pressiona os europeus”, afirma.

Para Ioschpe, o Brasil passou um período “alheio” à inserção competitiva desse setor, um dos mais globalizados do mundo. Isso ocorreu, diz, porque tirava-se proveito do crescente mercado interno. Mas a crise fez essa indústria acordar.

Para ele, o novo programa setorial e o acordo entre Mercosul e União Europeia darão ao país a chance de buscar mais competitividade. “Dessa forma poderemos diminuir a distância entre os carros vendidos aqui e no resto do mundo.”

Fonte – BVMI – Marli Olmos/Valor-SP

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