Cooper Standard planeja duas novas fábricas no Brasil

Cooper Standard planeja duas novas fábricas no Brasil
A norte-americana projeta abrir uma das plantas no Sul do País e outra no Nordeste

Após enfrentar crise severa, acumulando três anos de prejuízos no Brasil e perda de novos contratos por problemas de qualidade, a Cooper Standard tem meta de voltar a apurar números positivos este ano e já estuda novos investimentos em duas novas plantas, nas regiões Nordeste e Sul. Instalada desde 1995 no País, aqui a empresa produz em Varginha-MG e Atibaia-SP vedações de borracha (guarnições de portas) e dutos de combustível e fluído de freio. No ano passado, anunciou que iria investir R$ 20 milhões em Atibaia para fazer coxins, mas desistiu depois que a Ford engavetou o projeto B500 – espécie de Fiesta despojado desenvolvido na Índia para mercados emergentes –, que responderia por 50% da produção da unidade.

Jürgen Kneissler é o diretor geral da Cooper Standard América do Sul.
Jürgen Kneissler é o diretor geral da Cooper Standard América do Sul.

“Quando cheguei (em julho de 2015) existiam graves problemas de qualidade que tinham provocado a interrupção de pedidos (das montadoras). Só há seis meses voltamos a entrar em novos projetos”, explica Jürgen Kneissler, diretor geral da Cooper Standard América do Sul, que assumiu o posto há um ano e meio. Sem novos contratos, a empresa sobreviveu com o que já tinha, com fornecimento para quase todas as montadoras instaladas no País. “Temos alguns contratos fortes que garantiram nossa sobrevivência, como 100% do fornecimento de vedações para Toyota e Honda, além de 100% para o Chevrolet Onix (o carro mais vendido no Brasil)”, conta o diretor.

“Passamos esse período reestruturando a empresa e agora estamos ajustados para retomar a rentabilidade este ano”, afirma Kneissler. Apesar do cancelamento do investimento na nova fábrica de coxins em Atibaia, ele destaca que foi mantido o aporte de R$ 10 milhões para a aquisição de novos fornos importados da Alemanha, que estão sendo instalados na linha de extrusão de borracha em Varginha. “Temos flexibilidade e desenvolvimento próprio, com bom potencial de voltar a crescer, especialmente com novos projetos a partir de 2018”, diz.

Para os novos projetos já estão em estudo investimentos em duas novas plantas, para produzir componentes de borracha e termoplástico, dutos de combustível e fluídos de freio e, possivelmente, a localização de mangueiras de motor. Kneissler ainda não tem números fechados do aporte necessário. “Tudo vai depender das negociações e a concretização dos pedidos das montadoras”, diz. Umas das plantas seria localizada no Nordeste para atender a FCA em Goiana-PE e a Ford em Camaçari-BA – onde a Cooper Standard já atua dentro da linha, na montagem de dutos do motor. A outra unidade ficaria no Sul, com foco em fornecer para GM em Gravataí-RS e para a Renault e Volkswagen em São José dos Pinhais-PR.

FORNECIMENTO DIRETO

A empresa direciona 100% da produção às linhas de montagem de veículos leves, sem atuação direta no mercado de reposição. Quase todos os fabricantes de automóveis no País são clientes – exceto a Hyundai que tem fornecedor próprio. Com cerca de 1,5 mil empregados no Brasil, atualmente as fábricas de Varginha e Atibaia produzem 25,4 milhões/ano de vedações de borracha e 5,9 milhões/ano de dutos metálicos. Entre 70% e 75% do faturamento vêm da divisão de vedações, e 25% a 30% das vendas de dutos.

Kneissler calcula que 15% da produção da Cooper Standard no Brasil sejam exportados por meio de compras globalizadas das montadoras. Assim existem peças fornecidas no Brasil circulando no Ford EcoSport produzido na Rússia ou na Chevrolet S10 feita na Tailândia, entre outros mercados.

O bom desempenho global da Cooper Standard, cuja cotação por ação listada na Bolsa de Nova York saltou de US$ 45 para US$ 110 em um ano e meio, acabou por suavizar o impacto dos maus resultados no Brasil. Mas Kneissler ressalta que voltar ao lucro é meta obrigatória este ano, “ou teremos sérios problemas”. Segundo relatório financeiro da companhia, nos três primeiros trimestres de 2016 a região da América do Sul (que só tem operação industrial no Brasil) apurou faturamento de US$ 61,4 milhões, em retração de 20,3% sobre o mesmo intervalo de 2015, mas o prejuízo apurado no período foi reduzido de US$ 20,1 milhões para 16,7 milhões entre janeiro e setembro deste ano, como resultado de taxa cambial mais favorável, apesar do ritmo de produção mais baixo registrado em toda a indústria automotiva brasileira.

Com faturamento global de US$ 4 bilhões e 30 mil empregados em 20 países, a Cooper Standard foi fundada em 1927 em Dearborn, região metropolitana de Detroit, berço da indústria automotiva dos Estados Unidos. Hoje a sede mundial da companhia fica localizada na vizinha Novi, mas a operação brasileira responde à Europa, devido à maior compatibilidade de produtos.

Fonte – BVMI – Licio Melo – REDAÇÃO AB

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