GE vai investir R$ 250 milhões em construção de nova oficina

GE vai investir R$ 250 milhões em construção de nova oficina

Companhia faturou no ano passado US$ 2,5 bilhões com a manutenção de 500 turbinas e deve gerar 500 novas vagas

A cada quatro ou seis anos, empresas aéreas do mundo inteiro encaminham as turbinas de seus aviões para revisão e reparo a um valor médio de US$ 5 milhões por unidade. Se o motor for GE, é grande a chance de acabar em Petrópolis, na Região Serrana do Rio.

É lá que a fabricante americana mantém a GE Celma, a mais competitiva de suas cinco unidades de manutenção espalhadas pelo mundo, superando, inclusive, a do Kansas (EUA).

A afirmação é de Julio Talon, presidente da GE Celma. Não à toa, diz, o grupo vai investir R$ 250 milhões na construção de uma nova oficina de 20 mil m2, desta vez no município de Três Rios, no Centro-Sul do Estado do Rio.

Confirmada pelo BVMI, a nova estrutura será concluída no fim de 2021 para receber os motores LEAP dos novos Airbus 320 e Boeing 737, alavancando a receita da unidade brasileira que será de aproximadamente US$ 2,9 bilhões neste ano.

No ano que vem, quando ainda usará a atual capacidade instalada, a empresa planeja revisar somente 40 motores do tipo LEAP. Com a nova estrutura, esse número deve saltar para a casa dos 300 motores ao ano.

O preço do serviço aumenta de acordo com o tipo de tecnologia envolvida e a chegada massiva do LEAP vai escalonar não só o volume do trabalho na GE Celma, como também seu valor agregado, afirma Talon.

“O planejamento para 2022-2024 é aumentar o volume de serviço em 40%, levando o número total de motores revisados e reparados para 700 unidades.”

Para o executivo, a aviação está “extremamente aquecida” em todo o mundo com a renovação e aumento de frotas equipadas com motores GE.

“De 2013 para cá, crescemos consistentemente [em volume de serviços] a taxas de 6% ou 7% ao ano”, diz ele sobre o período que sucedeu a recuperação da crise de 2008.

A Celma calcula que vai revisar 530 turbinas em 2019, número que deve chegar a 580 motores em 2020. Talon, no entanto, evita projetar a receita do ano que vem em função da variação nos valores dos reparos. Em 2018, a empresa faturou US$ 2,5 bilhões com a manutenção de 500 turbinas.

Hoje a empresa opera basicamente para a exportação, com cerca de 95% da demanda vinda do exterior. Metade do trabalho é prestado a clientes dos Estados Unidos, entre os quais se destacam as americanas Fedex, Southwest Airlines e United Airlines, além da irlandesa Ryanair.

Esse caráter de exportação permitiu à empresa contratar e multiplicar o número de filiais durante os anos de crise da economia brasileira.

De acordo com o prefeito de Três Rios, Josimar Salles, só a nova unidade vai levar ao município entre 300 e 500 novos empregos qualificados, a maior parte mecânicos aeronáuticos formados pela própria Celma. A empresa confirma o número.

“Essa expansão da GE Celma vai nos consolidar como cidade vocacionada para aviação. É mais um passo no resgate dos postos de trabalho perdidos nos últimos anos”, afirma o prefeito.

A matriz, em Petrópolis, tem um parque de 60 mil m2, onde trabalham mais de 2 mil funcionários. Lá são revisados motores dos Boeings 747, 767, 737 e do Airbus 320 – que predominam nas frotas dos maiores clientes -, além das turbinas dos Embraer 190 e 195 empregados pela Azul e pela americana Jet Blue.

Também em Petrópolis uma unidade separada está voltada à revisão do GENX, o motor do Boeing 787 e à montagem de motores novos para os jatos da Embraer e da chinesa Comac, antes realizada exclusivamente nos EUA.

Além dessa filial, a GE Celma mantém um banco de provas – espécie de túnel de vento para testar as turbinas reparadas – no Aeroporto Internacional do Galeão, na capital fluminense, e outro em Três Rios, que foi inaugurado no ano passado, no mesmo local onde, agora, construirá a oficina.

Fecha o complexo de manutenção da GE Celma uma unidade inteiramente dedicada à revisão dos motores dos caças da Força Aérea Brasileira (FAB).

Talon conta que a GE Celma tem superado outras oficinas do grupo nos EUA, País de Gales, Escócia e Malásia tanto em tempo de serviço quanto em custos, o que gera contratos mais rentáveis à controladora.

“A Celma consegue revisar um motor em um prazo de 15 a 20 dias mais rápido que a oficina americana, mesmo levando em conta o tempo de transporte”, afirma.

Ainda segundo o executivo, os preços praticados pela unidade brasileira são, hoje, 40% inferiores ao da unidade do Kansas, a segunda mais competitiva.

Isso acontece, diz, porque a GE Celma está habilitada a realizar quase todos os reparos de peças, cerca de 90% dos procedimentos, enquanto as demais oficinas terceirizam serviços em outras parte do mundo.

A diferença na operação obriga as concorrentes a embutirem os custos das contratações nos contratos e as torna reféns dos prazos de entrega das subcontratadas.

“A gente ganha o jogo em casa, porque não fica nas mãos de dezenas de fornecedores”, finaliza Talon, engenheiro que está há 33 anos na empresa que dirige há quase nove anos.

FonteBVMI – Gabriel Vasconcelos

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