EMPRESA conseguiu R$ 405 MILHÕES que SUSTENTAM os NOVOS PROJETOS de crescimento e MODERNIZAÇÃO de suas UNIDADES INDUSTRIAIS
Uma das maiores fabricantes de papéis para embalagem do país, a catarinense Irani Papel e Embalagem emplacou a oferta de ações que há anos mantinha no radar, pavimentando o caminho para outros dois grandes projetos: a execução de investimentos que totalizam R$ 1,2 bilhão até 2025 e a migração para o Novo Mercado da B3.
A operação também coroa um período de trabalho árduo para reestruturação de seus passivos financeiros, que incluiu a venda de ativos, e preparação para o novo ciclo de crescimento.
A Irani já atende a boa parte dos requisitos para listagem no Novo Mercado e a migração deve ocorrer em prazo inferior aos seis meses assumidos como compromisso junto aos investidores na oferta subsequente (“follow-on”) de R$ 405 milhões, segundo o presidente da companhia, Sergio Ribas.
“O processo está bastante avançado e os esforços, voltados a fazer a miração o mais rápido possível”, informou o executivo.
A Irani estabeleceu em R$ 4,50 o preço por ação na oferta subsequente e os recursos levantados vão integralmente para seu caixa.
A operação, restrita a investidores qualificados, teve participação de 72% de capital local e 28%, de estrangeiros.
Havia a possibilidade de o controlador, o grupo Habitasul, vender parte de sua fatia em oferta secundária, mas a opção foi por não se desfazer dos papéis neste momento, pelo preço definido, já que a migração para o Novo Mercado e a execução do plano de expansão tendem a trazer valorização aos papéis no longo prazo.
Ontem, as ações ON recuaram 15,5%, para R$ 4,90, se aproximando do preço definido na oferta. Ainda assim, a valorização acumulada em 2020 é de cerca de 23%.
Com a operação, a Irani passou a cumprir o índice mínimo de liquidez para listagem no Novo Mercado – o free float foi elevado a 42% e o controlador, diluído a uma posição de 58%.
O próximo passo é converter as ações preferenciais em ordinárias, na proporção de um para um.
Ribas lembra que a companhia buscava, há muito tempo, realizar uma nova oferta de ações para financiar parte de seu plano de crescimento e as condições de mercado finalmente se mostraram adequadas.
“A empresa está em uma posição muito saudável, após a reestruturação financeira conduzida nos últimos anos, e chega sólida à operação”, disse.
Em 12 meses até março, o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Irani soma R$ 230 milhões, com margem de 22%.
A rentabilidade, conforme o executivo, tende a subir “de maneira importante” a partir a execução do plano bilionário de investimento, cujo foco é redução de custos e rentabilidade.
A Irani lutou nos últimos anos contra o endividamento elevado, contraído com a aquisição da concorrente Indústria de Papel e Papelão São Roberto, e teve de postegar projetos de modernização e expansão, que agora serão retomados.
Os investimentos diretos serão executados até 2025, com maior concentração até 2023.
Em Santa Catarina, a capacidade de produção de caixas de papelão ondulado será elevada em cerca de 50%. A produção de celulose, por sua vez, subirá 20% com uma nova caldeira de recuperação.
“Com mais fibra virgem, vamos melhorar o mix de papel”, disse Ribas.
Em Minas Gerais, a companhia instalará uma nova unidade papelão ondulado e fará a modernização da máquina de papel.
A Irani também investirá na repotenciação de pequenas centrais hidrelétricas, o que garantirá autossuficiência energética.
De acordo com o diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Odivan Cargnin, a migração para o Novo Mercado abre novas possibilidades de captação de recursos, tanto via dívida quanto equity.
“Ao comprar Irani, o investidor está buscando exposição ao mercado local, com possibilidade de exportação. Não há outra empresa puramente de embalagem listada na bolsa”, afirmou.
A companhia também promoveu mudanças de identidade. Em fevereiro, trocou a denominação social de Irani Celulose para Irani Papel e Embalagem e acaba de lançar uma nova marca.
O desaparecimento da elipse da marca antiga embute a mensagem de que a empresa está mais aberta. As ondas ao lado do nome representam bobinas de papel.
Conforme Ribas, a epidemia de covid-19 teve algum impacto negativo nas vendas de embalagens de papel, mas os segmentos de alimentos e higiene e limpeza sustentaram o ritmo de compras.
“Se 2020 repetir ou ficar um pouco abaixo do que foi o segundo semestre de 2019, que foi forte, já é bom”, comentou.
O executivo vê com bons olhos a consolidação no setor de papelão ondulado, especialmente se capitaneada por empresas que são referência na indústria.
E, embora a companhia vá se manter atenta às oportunidades dessa natureza que surgirem, investimentos em tecnologia têm lugar de preferência na fila.
Fonte: BVMI – Stella Fontes
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