Em 2018, foram investidos R$ 430 milhões nas atuais atividades de gás do grupo no país
O grupo espanhol Naturgy, ex-Gas Natural Fenosa, tem uma visão otimista do Brasil, apesar das recentes dificuldades econômicas e políticas.
Presente no país há 20 anos, o grupo vê o mercado brasileiro como prioritário. “Temos uma visão de longo prazo, de permanência, para o mercado brasileiro”, disse Francisco Reynés, presidente-executivo da Naturgy.
Reynés, que assumiu o cargo em fevereiro, confirmou que o plano estratégico da companhia prevê investimentos de R$ 1,7 bilhão até 2022 para desenvolver nova rede de distribuição de gás via CEG e CEG Rio, que operam no Rio de Janeiro e no interior do Estado, e por meio da Gas Natural Fenosa em São Paulo.
“É uma demonstração da aposta (do grupo) no país”, disse Reynés.
No total, a Naturgy tem hoje 1,1 milhão de clientes no Brasil em distribuição de gás e a expectativa é captar 250 mil novos clientes até 2022 nas três distribuidoras (CEG, CEG Rio e Gas Natural Fenosa SPS).
O grupo acredita que vai consolidar, assim, o crescimento registrado nos últimos anos e aumentar a quantidade de clientes em municípios do interior.
Mas além da operação de distribuição de gás, a Naturgy entrou, via subsidiária Global Power Generation (GPG), no negócio de energia renovável.
Desenvolveu seu primeiro projeto de energia solar em 2016, com duas operações no Piauí, e implanta outras duas unidades solares fotovoltaicas em Minas Gerais.
Reynés disse que o investimento de R$ 1,7 bilhão considera os negócios hoje existentes, e afirmou que o número poderá ser maior caso surjam oportunidades. Afirmou que o grupo tem a “obrigação” de analisar qualquer possível projeto que surja, como privatizações de empresas de distribuição de gás nos Estados.
“Se surgirem projetos de privatização [de distribuidoras nos Estados], vamos estudá-los com vontade”, disse Reynés. Ele também indicou que o grupo tem interesse na renovação das concessões das distribuidoras CEG e CEG Rio, cuja privatização ocorreu em 1997 e têm prazo de 30 anos, até 2027.
No momento, não há negociação avançada sobre a renovação com o poder concedente, que é o Estado do Rio, mas o tema está em análise, segundo a Naturgy. Em 2018, serão investidos R$ 430 milhões nas atuais atividades de gás do grupo no país.
Na área de energia renovável, o grupo também olha para outras oportunidades, que podem ocorrer via novos leilões. A prioridade agora, porém, é construir as duas unidades solares fotovoltaicas em Minas Gerais, disse Reynés.
Os projetos são Guimarania I e Guimarania II, que vão gerar a cada ano, segundo a empresa, 165 GWh a partir do último trimestre de 2018. Em 2017, via GPG, o grupo já havia iniciado a operação das usinas Sobral I e Sertão I, no Piauí, capazes de gerar 154 GWh por ano.
Segundo Reynés, a aposta na área de energia renovável é uma tendência. “O plano estratégico do grupo multiplica por três a capacidade instalada em renováveis entre 2018 e 2022. Essa é a nossa aposta”, afirmou.
No total, a GPG é dona de uma capacidade de geração de mais de 3,4 mil megwatts (MW) nos nove países onde opera: Porto Rico, Costa Rica, Panamá, República Dominicana, Uganda, Chile, México, Brasil e Austrália.
O executivo disse que a vantagem, para o Naturgy, de ter entrado mais tarde neste segmento está no fato de que o grupo poderá utilizar a última tecnologia disponível, embora tenha que buscar aumentar sua participação de mercado.
O executivo considera ainda que o Brasil precisa “cativar” o investidor estrangeiro uma vez que, na América Latina, vive-se um momento de incerteza e instabilidade.
Nesse cenário, no seu entendimento, os prêmios de risco precisam ser compensados com taxas de rentabilidade adequadas. “Caso contrário, os investidores preferem ir para outros lugares”, afirmou.
Em termos globais, o grupo, que opera nos setores de gás e eletricidade, tem 22 milhões de clientes e presença em mais de 30 países. Em 2017, o grupo obteve uma receita de negócios de € 23,3 bilhões e um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de € 3,9 bilhões. A contribuição da operação brasileira para o Ebitda consolidado do grupo foi de 7% no ano passado.
A adoção da marca Naturgy, a partir de julho, explicou o presidente, tenta captar a sinergia existente entre ambiente e energia. O novo nome passa a ser adotado somente a partir deste mês no Brasil.
Fonte – BVMI – Francisco Góes/Valor
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