Nexa investe R$ 1,5 bilhão e quer projeto concluído em dezembro de 2020

Nexa investe R$ 1,5 bilhão e quer projeto concluído em dezembro de 2020

Operação no primeiro trimestre de 2020 terá 750 funcionários diretos

Desde janeiro, cerca de 700 pessoas estão trabalhando no canteiro de obras do maior projeto de mineração feito a partir do zero no país. A meta da Nexa Resources, companhia de zinco, cobre e chumbo controlada pela Votorantim, é finalizar o empreendimento até o fim de dezembro de 2020.

A empresa está investindo US$ 392 milhões (correspondente a R$ 1,5 bilhão) na execução do projeto, situado em Aripuanã, no Noroeste de Mato Grosso, a 1 mil km de Cuiabá.

O presidente da companhia, Tito Martins, disse que a guerra comercial entre China e EUA não altera os planos do investimento. O projeto centra-se na parte mais rentável dessa indústria – mineração, que tem margens mais robustas que a metalurgia.

A empresa prevê exportar 25% da produção do concentrado do metal e usar a grande parte em suas fundições.

Além disso, afirmou, no médio prazo se prevê equilíbrio favorável aos produtores entre oferta e demanda, refletindo-se no preço. A produção mundial de zinco metálico é da ordem de 14 milhões de toneladas por ano.

Os dois grandes mercados consumidores do metal, usado em várias aplicações, como indústria automobilística e construção civil, são China e Estados Unidos.

Martins disse que a Nexa corre contra o tempo para fazer toda a terraplenagem até novembro, quando começa a época de chuvas na região. Após isso, começam as fundações de obras civis para montagem das instalações de beneficiamento das 6,3 mil toneladas ao dia de minério.

Desse material serão extraídos zinco (a maior parte), cobre, chumbo, prata e ouro. Em zinco equivalente, serão 120 mil toneladas ao ano.

“Este é o segundo maior projeto de zinco do mundo, só perdendo, em tamanho, para outro no Cazaquistão”, comentou Martins.

Aos preços do metal hoje – na faixa de US$ 2,3 mil a tonelada na Bolsa de Metais de Londres-LME -, Aripuanã vai adicionar receita de US$ 250 milhões ao ano à Nexa, informou o executivo.

Em lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), a projeção é de US$ 100 milhões. A Nexa, que abriu o capital nas bolsas de Nova York e Toronto em outubro de 2017, tem 64,3% das ações em poder da Votorantim.

No ano passado, a empresa obteve receita líquida de US$ 2,5 bilhões e geração de Ebitda de US$ 605 milhões. Produziu 556 mil toneladas de zinco metálico.

A nova mina, que integra o plano estratégico de vários projetos de expansão até 2025, tem vida útil projetada de 13 anos. Novas prospecções geólogicas, porém, já indicam mais seis anos. A empresa vai realizar outra campanha de furos. A mina será subterrânea, com profundidade de 350 a 700 metros.

Seguindo um padrão de outras minas da Nexa, Aripuanã, diz o executivo, fará a deposição de rejeitos a seco – nasce sem barragem, um problema do setor no país com os últimos desastres em Minas Gerais.

A partir da filtragem, o rejeito será empilhado e protegido por camadas de material específico. Com sistema de “westlands“, prevê captar águas da chuva e recircular 100% da água tratada no beneficiamento.

“Quando Aripuanã entrar em operação, mais de 80% de todas as operações da Nexa terão deposição de rejeitos a seco. Já estamos com Vazante (MG) e Cierro lindo, no Peru. Faltam duas minas”, informa Martins.

Em Morro Agudo (MG), todo o resíduo gerado é vendido como corretivo de solo para agricultura. Passa de 1 milhão de toneladas por ano.

Segundo Martins, no auge de toda a obra do projeto, haverá 1,6 mil trabalhadores. Para operar o empreendimento, a partir do primeiro trimestre de 2020, estão previstos 750 funcionários diretos.

Com o apoio do Senai, esse número – de pessoas de Aripuana, cidade de 25 mil habitantes – já está em treinamento. Com indiretos, a previsão é de mais de mil pessoas.

Para escoar a produção, a Nexa fará transporte por caminhões, em cerca de 1,2 mil km, até Rondonópolis (MT). Desse ponto, explica Martins, grande parte irá por ferrovia (da Rumo e da MRS) até Santos (SP) – para exportação para a Ásia (principalmente Coreia do Sul) – e Juiz de Fora, onde está uma das duas fundições de zinco da empresa em Minas Gerais. A outra fica em Três Marias.

“Temos de ser competitivos para chegar até o mercado da Coreia“, afirmou Martins.

O projeto é um dos pilares da estratégia de crescimento para se consolidar entre as cinco maiores produtoras de zinco do mundo, e líder na América Latina.

A expansão em cobre também faz parte do plano. No primeiro semestre, a mineradora – segundo maior negócio da Votorantim – teve receita líquida de US$ 1,18 bilhão.

FonteBVMI – Ivo Ribeiro

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