Deste montante R$ 6 bilhões vão para os novos hospitais e o restante para inovação e equipamentos
A Rede D’Or – maior grupo hospitalar do país, dono de bandeiras como São Luiz, Copa D’Or e Clínica São Vicente – vai investir R$ 8 bilhões em crescimento orgânico entre 2019 e 2023.
Esse investimento vem na sequência de um investimento de R$ 7 bilhões feito pela companhia nos últimos quatro anos, período em que 3 milhões de pessoas perderam o plano de saúde em decorrência da crise econômica.
A aposta vultosa do grupo é baseada numa combinação de fatores, como retomada da economia, envelhecimento da população e déficit de leitos de internação no país.
O montante a ser aplicado poderá ser ainda maior, uma vez que essa quantia não considera possíveis aquisições. Nos últimos quatro anos, a Rede D’Or comprou 15 hospitais.
No entanto, nessa nova etapa, a estratégia estará mais focada na construção de dez hospitais, o que elevará o número de leitos dos atuais 7 mil para 10,3 mil em 2023.
As novas unidades serão erguidas nas praças em que o grupo já tem presença, ou seja, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Pernambuco, Bahia e Maranhão.
Do valor total a ser investido, R$ 6 bilhões vão para os novos hospitais e o restante para inovação e equipamentos médicos. Os recursos são provenientes do caixa da companhia e financiamentos captados em 2018.
No ano passado, a Rede D’Or emitiu R$ 1,6 bilhão em debêntures, R$ 1 bilhão em notas promissórias, R$ 600 milhões em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e US$ 500 milhões em bônus externo.
Além de se concentrar mais em expansão orgânica e menos em aquisições, a Rede D’Or está trabalhando fortemente na diversificação dos negócios a fim de atender toda a cadeia de saúde.
Em paralelo aos hospitais, o grupo atua em outras frentes pouco conhecidas e que agora estão ganhando musculatura.
Entre essas iniciativas estão a área de medicina diagnóstica, que no ano passado teve um importante incremento com a compra da rede carioca Richet, com 11 unidades no Rio; a empresa de banco de sangue GSH, que presta serviços para vários hospitais; as 35 clínicas oncológicas; e as unidades voltadas para diálise.
A Rede D’Or também é dona de uma corretora de saúde, que comercializa e faz gestão de convênios médicos para 1,7 milhão de funcionários – formato semelhante ao trabalho de consultorias como Aon e Mercer Marsh, que negociam preços e administram a taxa de sinistralidade dos planos oferecidos pelas empresas a seus empregados.
Outra iniciativa recente e considerada pioneira do maior grupo hospitalar do país é uma parceria com seguradoras, que resultou num modelo de plano de saúde no qual a maior parte dos prestadores de serviços (hospitais, clínicas e laboratórios) pertence à Rede D’Or.
“Fazemos a gestão desses planos de saúde e assumimos também o risco da sinistralidade. A nossa remuneração é baseada na performance desse plano de saúde”, disse Paulo Moll, vice-presidente da Rede D’Or.
Esse formato de plano de saúde foi implementando, inicialmente, para os 46 mil funcionários da Rede D’Or, com uma redução de 30% nos custos na comparação com o modelo anterior.
Hoje, duas seguradoras de saúde já comercializam para o mercado esse convênio médico, em que boa parte da rede credenciada pertence ao grupo.
Um dos principais responsáveis pelo custo elevado do plano de saúde é o modelo de remuneração de conta aberta em hospitais.
A maior parte do setor ainda não trabalha com preço fixo por procedimento médico ou ganhos por performance. Muitos ainda são remunerados por volume, o que acaba levando alguns a fazer exames e procedimentos desnecessários.
A Rede D’Or já adota um modelo de remuneração com preço fechado para cerca de 75% de seus procedimentos médicos. Segundo Moll, seu grupo hospitalar aplicou um reajuste médio entre 3% e 4%, patamar próximo à inflação medida pelo IPCA no ano passado.
Esses percentuais foram possíveis devido, principalmente, à escala do grupo, que tem 45 hospitais e, por isso, um maior poder de negociação com fornecedores.
No ano passado, a Rede D’Or apurou uma receita líquida de quase R$ 11 bilhões, um aumento de 16%. Já o lucro líquido cresceu numa proporção maior, de 20,5%, saltando para R$ 1,2 bilhão.
Esse ganho é atribuído, entre outras razões, à melhora na performance dos hospitais adquiridos, conforme vão se integrando ao grupo, o que traz maiores margens.
A aquisição mais recente, assessorada pelo Santander, foi a compra de uma fatia entre 40% e 49% do Hospital Cardio Pulmonar, na Bahia.
Cerca de 70% dos hospitais privados no país possuem apenas 50 leitos. Segundo dados da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), para que sejam rentáveis, os hospitais precisam ter, no mínimo, 150 unidades de internação.
Fonte – BVMI – Beth Koike
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