A Abrapa, associação que reúne produtores rurais de algodão, investiu R$ 50 milhões na modernização e adequação dos laboratórios que testam as características e qualidade de fardos do produto. Uma parcela de R$ 17 milhões desse aporte foi feita em um centro de referência, sediado em Brasília, cujo propósito será checar os resultados dos testes feitos nos Estados e emitir um certificado.
Os dados que esse laboratório central gera serão compartilhados em tempo real com os produtores rurais. “Eles poderão corrigir rapidamente problemas de cultivo ou colheita”, diz João Jacobsen Rodrigues, presidente da Abrapa. O país é o quarto exportador do mundo e, em qualidade, está atrás da Austrália e Estados Unidos. Os concorrentes têm certificado de procedência e características dos carregamentos, algo com que o Brasil passará a contar após a criação da rede de laboratórios.
“Parte do diferencial deles é o sistema que garante aos compradores a qualidade dos fardos. Esperamos ter condição de garantir isso aos produtores rurais daqui.”
A Abrapa também esteve, em Campinas-SP, na Embrapa, junto com produtores e especialistas do agronegócio, para tratar das questões relacionadas ao setor agrícola, no Brasil, e conhecer uma radiografia do país no que se refere à produção e à preservação do meio ambiente. Esses estudos foram preparados pela área de Monitoramente por Satélite da Embrapa e permitem que a Abrapa trace um panorama, atual, para auxiliar o planejamento do produtor nas próximas safras.
Além da Abrapa, representada pelo diretor executivo, Marcio Portocarrero, e Embrapa, com pesquisadores, analistas e o Chefe Geral de Monitoramento por Satélite, Evaristo de Miranda, estiveram presentes, na ocasião, os representantes da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), como o presidente, Marcos da Rosa, e o diretor executivo, Fabrício Rosa, e ainda dirigentes da Aprosoja de Mato Grosso.
Entre os temas discutidos estavam o uso e ocupação das terras protegidas e cultivadas, no Brasil, as novas opções para o escoamento viário da produção e estudos sobre as características da agropecuária no país.
Sobre o uso e ocupação das terras cultivadas e das áreas protegidas, o estudo apresentado pela Embrapa comparou o que ocorre, hoje, no país com relação a outros países de territórios semelhantes ao nosso. O dado mais significativo demonstra que, atualmente, cerca de 17% do território nacional são destinados a áreas protegidas por unidades de conservação, um total de 1.204 parques estaduais ou nacionais, e outros quase 13% do território são destinados a comunidades indígenas, sendo ao todo 587 reservas. Isso representa cerca de 29% de todo o território nacional.
Entre os números apresentados, no encontro, foi destacado pela Embrapa que 10% do território brasileiro são destinados a fins de Reforma Agrária. Isso corresponde a mais de 88 milhões de hectares com 9.203 assentamentos, ou seja, é o dobro da área cultivada com grãos no Brasil. Outro dado que chamou atenção de todos os presentes foi com relação às comunidades quilombolas. Elas recebem 2,5 milhões de hectares de terras cultiváveis.
Se compararmos o Brasil, nestas áreas protegidas, com outros países, verificaremos que a Austrália possui 17,5% do território protegido, a China 14,3%, os Estados Unidos 12,3%, a Rússia 9,9%, o Canadá 9,7% e a Índia 5,3%. Em média, eles destinam 10% do seu território para esses fins. A diferença é que estão localizados em regiões compostas de terras impróprias para a produção agropecuária enquanto, no Brasil, a maioria dos 29% de áreas protegidas está localizada em áreas produtivas.
Essas ocupações chamaram atenção, na reunião, para outro problema que afeta diretamente quem produz no Brasil: o escoamento da produção pela malha viária (rodovias, ferrovias e hidrovias) disponível. O maior entrave é a obtenção de licenças para obras de infra estrutura, porque os licenciamentos, em sua maioria, atravessam áreas destinadas a parques, comunidades indígenas e quilombolas. A Embrapa estuda novos locais para o escoamento da produção agropecuária e uma das alternativas pensadas é pelo Arco Norte.
Fonte – BVMI – Licio Melo