Em meio ao oceano de dados, consultorias, especialistas e informações superficiais desencontradas sobre a realidade da indústria nacional, temos um norte seguro para quem deseja entender o que esperar do novo ano que se inicia.
Da filial CityCorp Europa o gestor em Vendas Industriais Licio Melo faz uma análise criteriosa, completa e aprofundada sobre o que a indústria irá encontrar no próximo ano e quais as ações que devem ser tomadas em regime de urgência para “sobreviver” a mais um Tsunami de péssimas projeções, segue abaixo seu artigo Especial que fecha o BVMI 2016:
Catarse industrial em 2017
@LicioMelo
Catarse é um termo de origem filosófica que significa limpeza ou purificação pessoal. Estamos vivenciando no mercado industrial nacional a necessidade de uma disruptura total e absoluta da dependência única e exclusiva das políticas econômicas e diretrizes governamentais.
Caso os gestores industriais não quebrem de vez este tipo de dependência os resultados e a necessária reviravolta em nossas taxas de crescimento não irão se materializar. Vamos analisar primeiramente como inovação e tecnologia ainda se encontram em fase embrionária diante das premissas fundamentais para uma recuperação industrial satisfatória.
Transcrevo parte do conteúdo de um editorial profundo sobre o tema do caderno de economia de um dos mais importantes jornais diários do País, o Estado de São Paulo.
“Entre agosto e setembro deste ano, a indústria de transformação mostrou ligeira melhora, após dois meses de queda. Mas os números revelam a fragilidade da recuperação e há grandes diferenças no comportamento dos diversos ramos.
Nos segmentos de alta e de média-alta intensidade tecnológica a posição da indústria brasileira se mostrou mais vulnerável, com quedas de 9,8% e de 10,6% na comparação entre os primeiros três trimestres de 2015 e de 2016, segundo a Carta do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi).
Indústrias tecnologicamente intensivas investem mais em inovação, agregam valor à produção, ganham competitividade e participação nos mercados local e internacional. Os resultados aparecem em qualidade, eficiência e melhores produtos, serviços e processos.
As quedas no segmento de alta intensidade tecnológica foram substanciais no complexo eletrônico, que inclui a fabricação de equipamentos de rádio, TV e comunicação (-21,4%), na produção de bens de informática e de escritório (-29%) e de instrumentos de precisão e material óptico (-14,2%). O setor farmacêutico caiu 1,3%.
O segmento de intensidade média-alta foi muito afetado pela queda do setor automobilístico (-17%), mas também caíram máquinas e equipamentos mecânicos (-13,7%).
Também recuou a indústria de média-baixa intensidade (-9,5%), como produtos metálicos, derivados de petróleo e outros combustíveis, minerais não metálicos, borracha e plásticos. A queda foi menor (2%) nos produtos de baixa intensidade tecnológica (alimentos, bebidas, fumo, têxteis, couro, calçados, madeira, papel e celulose e reciclados).
Os indicadores do Iedi, baseados em metodologia da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), são um indício das dificuldades que a indústria terá de enfrentar no caminho da recuperação. Mostram, por exemplo, os riscos de o valor adicionado pela indústria ser pouco expressivo na comparação com o de setores inovadores e dinâmicos, como o agronegócio.
A fraqueza da demanda local explica um aumento de exportações, mas não a ponto de mudar, para melhor, as perspectivas para a indústria.”
Fica claro que somente os esforços da exportação não se refletem na possibilidade de crescimento real, pois o Brasil não oferece um ambiente possível para que os processos de manufatura sejam competitivos.
Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Decomtec) aponta sérios problemas de endividamento e geração de caixa em uma amostra de 269 das maiores empresas da indústria de transformação. Essas empresas, que correspondem a 43% do faturamento do setor, encerraram o ano de 2015 devendo meio trilhão de reais, e com retração na geração de caixa de 6,6%, descontada a inflação. Metade delas está com relação dívida/Ebitda maior do que cinco, nível considerado crítico por qualquer analista financeiro.
Como consequência dos juros altos e da escalada do câmbio em 2015, as despesas financeiras cresceram 85% e ultrapassaram a capacidade de geração de caixa (Ebitda) em 20%. O lucro líquido agregado caiu 65%, e 44% das empresas da amostra sofreram prejuízo em 2015, contra 22% em 2010. Mantendo a atual tendência, projeta-se que o endividamento dessas empresas cresça 207% até 2020, contra 28% do Ebitda, a partir das perspectivas de mercado do relatório Focus, o que levará o agregado da amostra a uma perigosíssima relação dívida/Ebitda de 4,69 (hoje, ela é de 2,81), trata-se de um cenário extremamente preocupante e comprometedor para o investimento industrial e a retomada do crescimento econômico.
As ações governamentais de última hora para a retomada do crescimento vão envolver apenas as soluções para a recuperação judicial e a negociação das dívidas das empresas com os bancos. Elas, porém, só começarão a ser efetivadas a partir de janeiro e não vão trazer nenhum alento para as empresas que fizeram a lição de casa e não dependem de dinheiro de bancos e muito menos recursos jurídicos para tocarem seus negócios.
No entanto qualquer vestígio de esforços para a agenda de crescimento é bem-vinda, porém é importante que ela venha somente em seguida à consolidação fiscal, depois da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do teto do gasto e o envio da proposta de reforma da Previdência ao Congresso, nosso País, apesar de ter apenas 7% de sua população com mais de 65 anos, destina 41,5% do orçamento público – ou 13% do PIB – para pagar aposentadorias e pensões.
O foco destas medidas visam dar condições melhores ao processo de recuperação judicial para que as companhias possam se recuperar mais rápido. Não necessariamente esse processo passará pela liberação dos depósitos compulsórios – recursos que os bancos são obrigados a fazer no Banco Central. Mas serão revistos procedimentos judiciais para permitir que as empresas saiam mais rapidamente da crise.
No último trimestre do ano a produção industrial voltou a cair, depois de um terceiro trimestre ruim, que gerou um novo recuo do PIB do setor. Há, então, claros sinais de que perdeu força o processo de moderação da crise industrial que marcou o primeiro semestre de 2016.
Os números negativos são oriundos exatamente dos setores que vinham melhorando no primeiro semestre e, agora, pioraram. O destaque vai para os bens de capital, cuja produção cresceu sistematicamente até junho, mas depois entrou em um processo contínuo de queda.
Os investimentos na economia brasileira recuaram 2,6% de setembro para outubro, segundo o Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Esse é o quarto resultado negativo consecutivo, resultando em uma redução de 4,8% para o quarto trimestre do ano, informou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O resultado disto é que mesmo que a Formação Bruta de Capital Fixo mantenha estabilidade nos meses de novembro e dezembro, os investimentos encerrarão o último trimestre de 2016 com retração de 4,8% sobre o trimestre anterior. No terceiro trimestre os investimentos já tinham decepcionado, após encolherem 3,1% ante o período anterior, de acordo com os dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados há pouco mais de uma semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fechando o fim de dezembro, o destino da indústria em 2016 está praticamente fechado e não deve ser muito diferente daquele de 2015. O grande temor de todos os personagens que fazem parte do mercado industrial é que para o desempenho do próximo ano não existe nem mesmo a sombra de uma salvadora força motriz capaz de recuperar o mercado nacional.
Além da indústria, as atividades do comércio e do setor de serviços continuam em declínio, agravando ainda mais a situação do emprego. Até a taxa de câmbio mais competitiva, que ajudou o setor industrial no primeiro semestre, já não é mais a mesma.
Nessas condições, não é de se estranhar a deterioração adicional da indústria ocorrida nos últimos meses, inclusive com impactos negativos sobre a confiança dos empresários, que vinha lentamente se fortalecendo em meses anteriores. Sem que a evolução efetiva dos negócios corrobore as expectativas para o futuro, sua melhora acaba sendo revista para baixo antes mesmo de poder desencadear algum efeito positivo sobre a economia.
O novo ano de 2017 seria o momento de o país adicionar fatores dinamizadores para pavimentar a recuperação, como a aceleração da redução dos juros e o estancamento da volatilidade cambial.
É necessário trabalhar a fundo o processo de recomposição dos investimentos públicos, extremamente prejudicados pelo ajustamento das contas públicas, e avançar mais rapidamente nos programas de concessões. Para isso, entretanto, será necessário equacionar o problema de financiamento decorrente das restrições impostas à atuação do BNDES, acusado de forma recorrente de práticas nada concorrenciais no mercado industrial como um todo.
No ano passado o Produto Interno Bruto (PIB) do País caiu -3,8% e, em 2016, as estimativas indicam uma retração de -3,5%. O nível de emprego entrou em trajetória de queda acentuada, com mais de 3 milhões de empregos perdidos. A taxa de desemprego passou de 6,5%, em dezembro de 2014, para 11,9% da força de trabalho, no trimestre agosto/outubro de 2016. Este processo recessivo ainda não chegou ao fim e seu ciclo não se fechará em 2017.
O reflexo na indústria foi a fraqueza do comércio e do setor de serviços em todas as regiões do Brasil, sem excessões do Norte ao Sul. Desde 2014 a falta de confiança na economia, desemprego alto e a maior dificuldade de famílias e empresas na obtenção de crédito, simplesmente fez com que todos os índices derretessem.
A atividade no Nordeste recuou 1% no trimestre encerrado em agosto, ante o trimestre terminado em maio. No Centro-Oeste, a queda foi de 2,1% e, no Sul, de 1,1%. O Sudeste registrou melhora da atividade no período, mas de apenas 0,5%, enquanto o Norte viu sua atividade avançar 1,0%, no melhor resultado entre as regiões.
A produção industrial recuou em 11 dos 14 locais pesquisados entre setembro e outubro, de acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As quedas mais intensas foram registradas em Minas Gerais (-7,6%) e Pará (-4,2%). Na outra ponta, houve expansão da indústria no Rio de Janeiro (3,4%), Paraná (2,7%) e Pernambuco (1,5%). Em outubro, a indústria brasileira recuou 1,1%.
Em São Paulo, a queda foi pior que a média nacional. O recuo de 2,4% em outubro reverteu a alta de 1,4% registrada na produção um mês antes. No acumulado de 2016, a indústria de São Paulo apresentou recuo de 6,2% e, em 12 meses, de 7,3%.
A Catarse
E onde entra a Catarse neste artigo? Este é um termo que provém do grego “kátharsis” e é utilizado para designar o estado de libertação psíquica que o ser humano vivencia quando consegue superar algum trauma como medo, opressão ou outra perturbação psíquica. Os últimos 3 anos são uma provação para qualquer gestor industrial de todos os setores, medo e dúvidas no processo de investir rondam diariamente suas agendas, não existe mais a facilidade de uma previsibilidade dos acontecimentos e todo dia temos uma nova “bomba” para desarmar.
A cura da Catarse se dá através de terapias clínicas como a hipnose ou a regressão, é possível resgatar as memórias que provocaram o trauma, levando o indivíduo a atingir diferentes emoções que podem conduzir à cura.
Para a cura da Catarse Industrial as medidas tem que ser mais realistas e não existem mais margens para erro, 2017 será um ano extremamente difícil, depurador, estamos a pagar o preço da irresponsabilidade de gestões fracassadas e de um governo perdulário e incompetente e esconder a cabeça na areia não é uma saída plausível.
“Um dos fundamentos para a cura é encarar a realidade de frente, sem ressalvas ou filtros, coloque os números na mesa, encare as previsões de mercado, espere sempre o melhor, seja confiante, amplie suas ações, mas esteja preparado para o pior, a piora dos índices é uma realidade que deve ser encarada todos os dias pelo gestor industrial.”
A senha para atravessar mais este período é a mesma que aplico a todos os clientes industriais de nossa base de trabalho aqui na CityCorp, tudo deve ser visto a partir do prisma financeiro, do capital, do fôlego que sua empresa possui para enfrentar este longo período de vacas magras. Eu sei, não existe mais o que cortar, então é preciso aperfeiçoar ações pró-ativas com doses cavalares de inteligência comercial, força bruta se necessário, use prospecção industrial e data mining sem moderação.
As grandes companhias trabalham com alternativas diversas, é só ler alguns dos artigos publicados aqui mesmo no Blog BVMI, os investimentos não deixam de ser realizados, eles apenas acontecem em um contexto diferenciado e com foco em mercados diversos.
Em meio ao caos os grandes players industriais partem para aquisição e diversificação de seu capital a partir de setores que estejam sendo atingidos de forma mais moderada nesta fase.
Elas também resguardam com uma série de artifícios suas margens de rentabilidade, pois possuem bons grupos de marketing e inteligência de mercado. Para os médios e pequenos empresários e as empresas familiares com pequeno capital, esta realidade é diferente. Para estes a diversificação em sua gestão comercial deve estar voltada para o mercado externo de forma total e ampliar de forma contínua suas ações de prospecção de novos nichos e melhorar suas margens com este novo enfoque.
Um exemplo de como o mundo industrial continua a girar são as encomendas à indústria da Alemanha que subiram 4,9% em outubro ante setembro, no cálculo ajustado, segundo dados divulgados confirmados por nosso escritório na Europa junto ao Ministério de Economia do país. O resultado superou de longe a expectativa de analistas consultados pelo Wall Street Journal, que previam acréscimo de 0,7%.
As encomendas à indústria nos Estados Unidos subiram 2,7% entre setembro e outubro, com ajuste sazonal. Foi o maior avanço desde junho de 2015 e a quarta expansão consecutiva, de acordo com dados divulgados pelo Departamento do Comércio.
Excluindo o segmento de transportes, os pedidos à indústria americana tiveram elevação de 0,8% no antepenúltimo mês de 2016; sem o setor de defesa, o avanço foi de 2,9%. Em setembro, as encomendas à indústria nos EUA apresentaram aumento de 0,6%, o dobro daquele informado inicialmente, de 0,3%. O avanço nas encomendas de bens duráveis foi revisto de 4,8% para 4,6%.
O mundo não vai parar de comprar, por isto voltar esforços para capilarizar sua força de vendas industriais para o mercado externo continua como uma saída para a sobrevivência em meio a turbulência que não irá cessar tão cedo.
Mesmo assim ações para expansão no mercado externo devem seguir uma rígida cartilha de planejamento para suas estratégias comerciais, para 2016, se a projeção de crescimento de 1,7% do comércio mundial se confirmar, representará a pior expansão desde a crise financeira iniciada em 2009. Enquanto o comércio cresce menos em termos de volume em 2016, a expansão em valor (ou seja, em dólar dos EUA) pelo menos se estabilizou, em parte como resultado do câmbio e da melhora nos preços de commodities.
Bom ficar ciente que a Apex-Brasil elegeu o agronegócio como setor prioritário para promover as exportações brasileiras em 2017, para isso, apostará na abertura de mercados aos produtos agrícolas e na melhora da imagem do segmento ao redor do mundo. Os esforços para a ampliação de mercados deve ser direcionada sobretudo à Ásia, que já responde por cerca de 50% das exportações do agronegócio brasileiro, segundo a entidade. É preciso ficar de olho onde seu negócio industrial pode se encaixar nestas cadeias produtivas que de alguma forma tem a possibilidade de oferecer resultados positivos em meio ao caos.
No agro, apesar da quebra de safra deste 2016, em consequência da estiagem, alguns analistas já anteveem resultado líquido positivo neste ano, com crescimento de 3,4%, como apontou terça-feira a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), graças aos melhores preços vigentes no mercado global.
Perto de fechar o ano com queda na produção superior ao esperado, vendas retrocedendo aos níveis de uma década e ociosidade recorde de mais de 50% nas fábricas, a indústria automobilística prepara novos investimentos no País. É um sinal, segundo as fabricantes, da confiança de que o mercado brasileiro voltará a crescer, ainda que demore.
No prazo de um mês, três montadoras, a MAN Latin America, a Toyota e a Volkswagen anunciaram projetos que vão consumir R$ 9,1 bilhões nos próximos cinco anos. “Novos anúncios devem ocorrer nos próximos meses”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale.
No caso do Brasil, a queda das importações parece ter sido freada no segundo trimestre, enquanto as exportações também se estabilizaram. Para 2017, as estimativas ilustram a forte incerteza no cenário internacional, com a Organização Mundial do Comércio (OMC) prevendo desde expansão de 3,1% do comércio global, se houver um novo dinamismo nas economias, a um crescimento mais fraco de 1,8%, se os países continuarem na armadilha do baixo crescimento.
No setor de hospitais particulares, apesar da crise, o interesse no Brasil não diminuiu. A expectativa do mercado é que fusões e aquisições neste segmento movimentem cerca de R$ 5 bilhões em 2017 e 2018. Tanto companhias já tradicionais da área de saúde quanto grandes fundos de investimento se preparam para ir às compras. Entre os que analisam ativos atualmente estão a empresa de plano de saúde Amil, a rede de hospitais de alto padrão D’Or, a estatal chinesa Fosun e fundos como Advent e General Atlantic.
A recessão profunda e o adiamento na recuperação da atividade econômica brasileira pode manter o aumento do endividamento público por mais tempo, de acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No caso de uma retomada mais fraca do crescimento nos próximos anos, seguida de um cenário mais conservador para o aumento dos investimentos e da produtividade, a queda da Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), principal indicador de endividamento público, só começaria a ocorrer a partir da segunda metade da década de 2020, mesmo com a aprovação da PEC do Teto dos Gastos e implementação da nova regra já em 2017.
Neste cenário a dívida pública brasileira permaneceria crescendo até 2027, quando atingiria 88,9% do PIB. Só em 2028 teria início o processo de recuo no endividamento, que dez anos mais tarde, em 2037, estaria em 76,2% do PIB.
O empresário da indústria voltou a mostrar pessimismo com a economia do País agora em dezembro depois de quatro meses de confiança. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada na semana passada, mostra que o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) caiu para 48 pontos neste mês e voltou a ficar abaixo da marca dos 50 pontos do estudo, que separa o otimismo do pessimismo.
Desde setembro, quando alcançou 53,7 pontos, o índice acumula uma queda de 5,7 pontos. Os indicadores da pesquisa variam de zero a cem pontos. Quando estão abaixo de 50 pontos, apontam falta de confiança.
A variação negativa do Icei em dezembro é decorrente da piora da percepção do empresariado sobre a situação atual e das expectativas de desempenho de seus negócios e da economia para os próximos seis meses. O índice de condições atuais das empresas e da economia caiu de 43,8 pontos em novembro para 40,7 pontos neste mês. O índice de expectativas recuou de 55,8 pontos para 51,6 pontos.
O estudo mostra ainda que a falta de confiança é maior entre as empresas de pequeno porte, com queda no indicador de 48,7 pontos em novembro para 44,4 pontos em dezembro. Nas grandes empresas, o Icei recuou de 53,5 para 50,3 pontos. Nas médias, o indicador passou de 51 pontos para 46,7 pontos.
Nesta edição da pesquisa foram ouvidas 2.971 empresas em todo o País entre os dias 1º e 12 de dezembro. Dessas, 1.174 são pequenas; 1.112, médias; e 685, grandes.
A Capital Economics, uma consultoria europeia de pesquisas macroeconômicas, com base em Londres lançou nesta semana um relatório indicando que dificilmente os países emergentes mostrarão uma forte recuperação de suas economias em 2017.
Mesmo acreditando que a China atingirá seu pico de crescimento mais cedo do que a maioria dos analistas, o report afirma que o país passará, na sequência, por um processo de desaceleração.
Os profissionais destacaram que a situação dos produtores de commodities, as principais fontes de riqueza dos emergentes, vai piorar, com a expectativa de que a recuperação dos preços será fraca.
Sobre o Brasil, a Capital Economics destacou que provavelmente a recessão econômica será maior do que se esperava. A instituição considerou em sua análise uma queda superior de 3% do PIB este ano e uma retomada próxima a 1% em 2017. “O Brasil está tendo tempos difíceis” é a frase mais repetida no relatório, sem se aprofundar muito sobre o tema ou a questões políticas.
Sobre a Rússia, que também passa por um período de recessão, o ponto em destaque é a adesão russa à estratégia da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de cortar a produção para tentar estancar a baixa dos preços. Fora do cartel, o país deve apresentar a maior redução da oferta, de cerca de 300 mil barris por dia, de acordo com estimativas apresentadas pelo mercado nos últimos dias. Há expectativa de que os preços subam, o que pode ajudar a economia russa.
Para Rússia e Brasil os economistas preveem uma pequena depreciação das moedas (rublo e real, respectivamente). “As moedas, em alguns mercados emergentes, terão uma alta volatilidade, como o Brasil e a Rússia”, a previsão apresentada pela Capital Economics é a de que serão as duas economias a apresentarem as maiores quedas de juros básicos no ano que vem. Para a Rússia, a expectativa é de um corte de 250 pontos-base (pb) e, no Brasil, de 225 pb. Para a China, a projeção é de queda de 50 pb. Já no caso de Turquia, México e Egito, a consultoria aposta em elevações dos juros.
Com previsões aterrorizantes como estas, a velocidade de ajustes no mercado tem que ser acompanhada com uma enorme lupa pelo gestor industrial, o processo de compra na indústria virou uma metamorfose e novos mercados se alteram de tamanho e de cor em questão de segundos. Rastrear e acompanhar de perto onde estão os investimentos e o dinheiro dos setores industriais como um todo é tarefa para ontem a todos envolvidos no processo comercial.
Nunca se esqueça, os grandes conglomerados industriais possuem capital e fluxo de caixa que os transformam em grandes navios, grandes o suficiente para atravessarem todas as tormentas de qualquer oceano. É mandatório que você tenha instituído em seu processo de gestão comercial uma forma de acompanhar as empresas que estão a orbitar a cadeia produtiva desses grandes titãs a fim de garantir suas vendas. Ter como objetivo este ambiente visa proteger sua rentabilidade principalmente no que tange a projetos de alta complexidade que dão origem a vendas com maior lucratividade oferecendo sustentabilidade real a seu negócio industrial.
Aguçar a inteligência no processo comercial será crucial em cada passo a ser dado no decorrer de 2017. Seguir os passos dos decisores do mercado industrial e seus movimentos agora é uma questão de sobrevivência e não mais de modismo ou apenas uma atitude visualizadora de “tendências”, não existe mais tempo hábil para isso.
A todos que nos acompanharam em 2016 desejo excelentes festas de fim de ano e aguardo vocês para enfrentarmos juntos todos os desafios do novo ano que inicia!
Forte abraço e boas vendas industriais sempre!
Licio Melo – @LicioMelo