Ao BVMI o CEO da companhia confirmou que investimento no Brasil até 2023 será em torno de R$ 30 bilhões
A Iberdrola confirma que vai realizar um investimento recorde nos próximos anos, na aposta de que a recuperação da crise é uma oportunidade única para o setor de energia se transformar.
A empresa, especializada em energia limpa e segunda maior de capital aberto na Espanha, investirá 10 bilhões de euros em 2020, uma quantia que o presidente do conselho de administração e executivo-chefe, Ignacio Galán, planeja manter nos próximos anos.
“Nos últimos anos, investimos, em média, cerca de 5 bilhões ou 6 bilhões de euros; neste ano, investiremos 10 bilhões de euros em mais fontes de energia renováveis e na aceleração da construção de redes”, disse Galán, que comanda a empresa há 19 anos.
“Não será muito diferente nos próximos anos, estaremos nesses patamares, estamos num bom setor, num bom momento.” afirma o executivo.
O chefe da Iberdrola argumenta que o setor de energia limpa está entre os que se beneficiarão do fundo de 750 bilhões de euros de recuperação da crise do coronavírus proposto pela Comissão Europeia, que os líderes do bloco econômico discutirão em encontro na próxima semana.
“Todos querem sair da crise econômica o mais rápido possível e voltar-se a setores que possam rapidamente gerar empregos e tornar a economia mais competitiva e sustentável”, disse.
“E há dois setores que oferecem isso e já são prioridade: o ‘Green Deal” [da União Europeia] e a digitalização; e nosso segmento está envolvido em ambos.”
O executivo acrescentou que as redes de eletricidade precisam ser mais eficientes e ter maior digitalização, argumentando que a crise é mais um motivo para que se acelere a meta da UE, de chegar a 2030 com cerca de 60% das emissões de carbono registradas em 1990.
“Se pudermos acelerar os planos de energia nacional e de clima na Europa, poderíamos criar cerca de 2 milhões de empregos em todo o continente até 2025”, disse Galán.
O “Green Deal” europeu estima a necessidade de investimentos públicos e privados de pelo menos 1 trilhão de euros, mas o executivo acha que o setor não terá problemas para levantar as grandes quantias necessárias.
“No nosso setor, no presente, se houver estabilidade legal, estabilidade reguladora e retornos razoáveis, podemos levantar o dinheiro necessário”, disse, acrescentando que a Iberdrola levantou 11 bilhões de euros em bônus “verdes”, incluindo mais de 1 bilhão de euros durante a crise deste ano, a “taxas muito, muito baratas”.
A aposta da Iberdrola na energia renovável a ajudou a tornar-se a segunda maior empresa de capital aberto da Espanha, com valor de mercado em torno de 66 bilhões de euros. É a segunda maior empresa de energia da Europa, atrás da italiana Enel.
O grupo incrementou os investimentos anuais em mais de 50% nos últimos dois anos em comparação aos 6,2 bilhões de euros investidos em 2018, contrastando, por exemplo, com as empresas do setor de petróleo e gás, que, pressionadas pelas baixas cotações de ambas as commodities, têm cortado investimentos em bens de capital.
A Iberdrola tem presença no Reino Unido, onde é dona da Scottish Power, atualmente uma empresa 100% de energia eólica, nos Estados Unidos, onde sua unidade Avangrid é a terceira maior operadora de energia eólica, no Brasil e no México.
Entre os grandes investimentos previstos para este ano e o próximo estão um empreendimento conjunto de US$ 2,8 bilhões em uma fazenda de energia eólica marítima nos EUA, um projeto de armazenamento de energia hidrelétrica em Portugal de 1,5 bilhão de euros e um projeto de energia solar de 300 milhões de euros na Espanha, que deverá ser o maior da Europa.
Galán disse que a empresa pratica o que ele chama de “fusões e aquisições de operações por desenvolver”, que consiste em comprar grupos menores para expandir a infraestrutura em torno a eles, como tem feito nos EUA nos últimos anos.
A Iberdrola avalia ser capaz de repetir esse processo com a Infigen, um grupo australiano de fontes de energia renováveis que tenta adquirir.
Ao BVMI Ignacio Galán confirmou também que o investimento da Iberdrola nos próximos anos no Brasil será em torno de R$ 30 bilhões e cerca de 25% desse valor será destinado para o Estado de São Paulo.
“Se o Brasil vai bem, é porque São Paulo vai bem. O nosso compromisso com o país é total e estamos muito satisfeitos com essa parceria”.
O grupo Iberdrola fornece energia para aproximadamente 100 milhões de pessoas nos países onde atua. No Brasil, é mantenedora da Elektro, concessionária da Neoenergia, que foi eleita 10 vezes a melhor distribuidora de energia do país e mantém 2,6 milhões de clientes e 3,7 mil colaboradores, que trabalham diariamente para distribuir energia para 228 municípios dos estados de São Paulo (nas regiões de Campinas e Vale do Ribeira) e Mato Grosso do Sul.
Fonte: BVMI – Daniel Dombey
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