O grupo TMG, gerido por uma das famílias mais ricas de Portugal, vai investir 52,5 milhões de euros nas suas icónicas instalações industriais (conhecidas por “pagode chinês”) em Famalicão e criar 151 postos de trabalho
As instalações fabris da Têxtil Manuel Gonçalves (TMG) no Vale de S. Cosme, Famalicão em Portugal, onde a sua sede é conhecida por “pagode chinês”, vai voltar a ganhar destaque na indústria com um grande investimento daquele que é um dos maiores grupos económicos do país.
Neste “regresso relevante e significativo ao conselho onde tem fortes raízes”, como enfatiza a Câmara de Famalicão, o grupo TMG, que acaba de vencer um contrato internacional de grande dimensão, decidiu reforçar a sua capacidade produtiva através de um investimento de 52,5 milhões de euros nas instalações fabris em Vale de S. Cosme, que vai implicar a contratação de, “pelo menos”, 151 pessoas.
O projeto prevê a requalificação de edifícios deste complexo industrial, que está bastante degradado, sendo apenas parcialmente utilizado pelo grupo, e a aquisição de maquinaria.
De acordo com a informação divulgada pela autarquia, a TMG vai aí instalar “uma nova e exigente linha de produção, com elevado componente tecnológico”, que vai envolver duas sociedades do grupo: a TMG Automotive, que é um dos maiores fabricantes europeus de tecidos plastificados e outros revestimentos para a industria de automóveis; e a TMG Tecidos.
O investimento da TMG Automotive deverá ser de 45,5 milhões de euros, a ser executado no prazo de 18 meses, enquanto o da TMG Tecidos, de 6,9 milhões de euros, tem um prazo de concretização de apenas três meses.
“É o regresso de uma empresa cuja raiz está em Famalicão que representa uma excelente notícia para o concelho, muito particularmente para a área geográfica de Vale S. Cosme”, afirma Paulo Cunha, presidente da Câmara de Famalicão, destacando os efeitos positivos deste investimento “na dinamização e no crescimento da economia, fatores impulsionadores da geração de riqueza e criação de emprego qualificado para jovens licenciados”.
Clã discreto e dono de uma das maiores fortunas do País
A sede do grupo TMG converteu-se num ex-líbris de Famalicão, sendo conhecida por “pagode chinês” devido à sua arquitetura.
Fundada em 1937 por Manuel Gonçalves, sob a designação de Fábrica de Fiação Tecidos do Vale de Manuel Gonçalves, transformou-se, em 1965, na Têxtil Manuel Gonçalves (TMG).
Foi na década de 60 que o grupo adquiriu empresas rivais e, deixando de se dedicar apenas à indústria têxtil, entrou em mercados de maior valor acrescentado como os tecidos para estofos da indústria automóvel.
Hoje, a jóia da coroa do grupo chama-se TMG Automotive. É um dos maiores fabricantes europeus de tecidos plastificados e outros revestimentos para a indústria automóvel, exportando quase 100% da sua produção.
Instalada em Guimarães e com uma facturação próxima dos 100 milhões de euros, a TMG Automotive é gerida por Isabel Furtado, neta do fundador.
No têxtil tradicional, a TMG fez em 2013 uma parceria a Somelos, tendo encerrado duas unidades de produção nas instalações de Vale de S. Cosme, em Famalicão, e transferido a maquinaria e o pessoal para aquela empresa vimaranense.
Ao longo dos anos, a família Gonçalves tem vindo a diversificar os seus negócios. Foram accionistas fundadores do BPI e do BCP e viriam a participar no ressurgimento do Grupo Espírito Santo (GES).
Em 1998 entrou no capital da Efacec e, em 2005, aliou-se ao grupo José de Mello, lançaram uma OPA e ficaram a partilhar a empresa. Há um ano, venderam 66% do capital desta sociedade à Winterfell, da empresária angolana Isabel dos Santos, passando assim à condição de acionistas minoritários.
Entre outros negócios, o grupo TMG detém também as Caves Transmontanas, a Heliportugal (helicópteros) e a rede de lojas da marca de surf Lightning Bolt.
António Gonçalves, 70 anos, Fernando Gonçalves, 64 anos, e Maria Folhadela de Oliveira, 76 anos, são os acionistas do grupo fundado pelo pai.
É António que lidera o clã. Estudou nos Estados Unidos, onde se licenciou em Economia pela Philadelphia University e fez um MBA pela Universidade de Columbia. É discretíssimo e nunca dá entrevistas.
A revista Exame aponta a família Gonçalves como dona da 21.ª maior riqueza de Portugal, com uma fortuna avaliada em 246 milhões de euros.
Fonte – BVMI – Licio Melo – Rui Neves/Negocios.pt